Análise De Construção - Chico Buarque

 




     Olá Pessoal, sejam todos bem-vindos (as) ao meu blog, no post de hoje trago uma análise da música do aclamado Chico Buarque, chamada Construção. Pretendo criar uma nova página para o blog, focada no vestibular, atualmente estou estudando para ele e achei legal poder compartilhar com vocês algumas coisas que venho aprendendo, como resumos, mapas mentais, dicas e muito mais. Em suma, vamos para a análise!!!

     Antes de começar a pontuar tópicos sobre a música, é importante ressaltar que você não é obrigado(a) a concordar com nada ou nenhuma ideia, tanto dos escritores do blog, como das pessoas que comentem aqui, mas é seu dever respeitar as demais informações.

O QUE É ''CONSTRUÇÃO''


- Chico Buarque -

    É umas das músicas mais famosas e álbum do cantor, compositor, músico, dramaturgo e ator brasileiro, Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque). Que traz uma forte crítica a década de 70, com uma letra enigmática onde a música se renova a cada verso, narrando a história em diversa perspectiva, que ainda mostra-se atual na realidade em que vivemos. Criado enquanto Chico Buarque vivia fora do Brasil por causa da DITADURA MILITAR.
    Construção conta a história de um trabalhador que sofre um acidente durante a jornada diária de seu trabalho. Em vários momentos distinto da música, ele usa a troca de palavras nas estrofes para generalizar e mostrar em diversas visões que é algo comum, acidentes de trabalho sem amparo governamental, trabalho sobre-humano, são temas recorrentes na música!  No início da década de 70, o Brasil tinha milhares de pessoas migrando, saindo do interior rumo as grandes cidades, em busca de melhoria de vida e condições favoráveis. Chegando lá encontravam uma situação muito diferente de suas perspectivas, era difícil trabalho fixo e as condições de vida eram até piores, Construção critica pessoas que morrem todos os dias por causa de condições ruins de trabalho e de vida. No fim elas acabam se tornando incômodos para quem tenta levar sua rotina apressada.  





''Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido''

  A música começa com o início do dia do trabalhador, despedindo-se de sua mulher e filhos, amando-os como se fossem os últimos e parte com seu passo tímido, devagar.

''Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima''

   No segundo verso, ele chega ao seu trabalho, a parte 'como se fosse maquina', nos passa a visão de que por um lado ele já realizava seu trabalho de forma mecânica, algo ensaiado e monótono, por outro, ele era comparado a uma máquina por ter que todo dia realizar trabalhos manuais pesados, algo que vai além de seu limite, sendo explorado por mão de obra desumana. Seu olhos se enchem de tristeza, perdendo o brilho (EMBOTADOS) e a vontade de trabalhar, com suas lagrimas caindo todos os dias misturando-se ao cimento!




''Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música''

        No meio de sua agonia semanal, o trabalhador então pausa e vai para se divertir, sem importa-se com o fato de ter que trabalhar no resto dos dias, ele se alimenta com o que tem e tenta se convencer de que é o melhor por ter isso e como se fosse a melhor coisa do mundo. No final,ele  bebe e canta para procurar algum motivo para se feliz, para espantar a triste realidade em que vive.

''E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego''
        
         Após toda a sua diversão ele caminha de forma tonta, sem está equilibrado, mas ele se sente livre, dono de suas escolhas, leve como um pássaro. Sofre um acidente morrendo na contramão, não como um trabalhador, mais como um bêbado que sua única utilidade foi atrapalhar o tráfego.

- O que é um ''passeio público'' -


SEGUNDA PARTE DA MÚSICA

   Essa parte da música vai contar a mesma história, mas Chico usa a troca de palavras para construir blocos de ideias, passando a visão de que o que aconteceu é algo comum, a troca de palavras sugere a ideia de apenas a narrativa sendo contada de forma diferente, por outas pessoas.

''Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado''

        Diferente da versão anterior a pessoa já sai de casa um pouco bêbado, fazendo-a parecer mais tranquilo ou até mesmo irresponsável. 

''Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego''

        Nessa parte, ele sobe para seu trabalho de forma rápida, trabalhando de forma autônoma, quase como mágica, erguendo paredes seguindo as normas que já sabe e o seu olhar dividido entre o cimento que o cerca e o trânsito a sua frente. 

''Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo''
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público''

          Esse verso trata a vida do trabalhador de forma menos séria, não sendo de sua intenção, ou talvez sim, tratando a situação com mais culpa no eu-lírico.

TERCEIRA PARTE
      Com mais palavras trocadas, contada em uma nova visão, temos um resumo do dia do trabalhador.

''Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado''

          A terceira parte da música e suas palavras trocadas tornam os versos mais cruéis e resume o trabalhador a alguém, irresponsável e um bêbado que caiu na contramão atrapalhando o dia de alguém, mais também nos passa a visão impessoal que trata a história como algo impessoal que acontece diariamente.
''Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague''

             A música termina com uma grande ironia e uma alusão a uma outra música dele ''DEUS LHE PAGUE'', onde o eu-lírico agradece pelo que é seu e pelo sofrimento que tem que aguentar todo dia, pelas dificuldades sofridas, pelas dores e por tudo de ruim que ele tem que pedir permissão para poder senti-las.






''A letra de Construção foi escrita em formato de poesia: os 17 versos nas duas primeiras partes são divididos em quatro estrofes iguais, mais um último verso isolado que representa a conclusão. Na terceira parte são duas estrofes de três versos e a conclusão.Além disso, a última palavra de todas as frases da música é proparoxítona — uma palavra em que a antepenúltima sílaba é a mais forte, falada com mais intensidade —, o que faz com que elas terminem no mesmo ritmo. Letra, melodia, acordes e arranjo funcionam como uma verdadeira construção, dando um aspecto mecânico à música que tem tudo a ver com a crítica que ela apresenta. Haja inteligência para uma composição como essa! 

Chico Buarque, um gênio da música brasileira: Chico Buarque é bem conhecido por suas letras complexas e difíceis de decifrar, que geram diferentes interpretações sem nunca perder o tom de provocação. Mas nem só de críticas se faz Chico: o cantor também é dono de várias músicas românticas e o que não falta em suas composições é poesia.''

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